domingo, 7 de dezembro de 2008

Descriminalização do Aborto II

Paulo Werneck

Recebi o seguinte comentário a respeito da postagem "Descriminalização do Aborto", que reproduzo abaixo:
Caro Sr. Paulo Werneck
Respeito muito a sua pessoa, sua sabedoria e conhecimento, mas permita-me discordar sobre esta questão. Na minha opinião, legalizar o aborto não diminuirá a incidência de gravidez indesejada, ao contrário, saber que sempre poderá contar LEGALMENTE com a cirurgia poderá diminuir ainda mais os cuidados básicos com a contracepção, continuando a onerar a saúde pública. A legalização do aborto não diminui em nada os custos públicos relativos à saúde da mulher. E, por outro lado, as autoridades terão a "desculpa" para permanecerem omissos no quesito educação e distribuição massiva de produtos contraceptivos, incluindo-se aí a cirurgia do implante de DIU. A médio prazo, a mudança comportamental e cultural do povo devido à educação só trará benefícios tanto sob ótica da saúde pública como econômica.
Atenciosamente,
Yasmin
Prezada Yasmin, as autoridades não precisam de qualquer desculpa, pois sempre guardam muitas na manga do casaco: os culpados sempre são os antecessores, a oposição, a falta de verba, então, nesse quesito, parece-me que a descriminalização do aborto não teria qualquer efeito.

Posso afiançar que a questão do aborto já me atingiu muito de perto, e cometer um aborto, mesmo ilegal, foi seriamente cogitado. Felizmente foi descartado, um risco grande foi corrido, e felizmente ocorreu tudo bem.

Assim, minha posição sobre o tema, como penso ficou clara na postagem anterior, é contra o aborto em tese, e nesse sentido apoio as suas teses de prevenção, educação, distribuição de contraceptivos, etc.

Entretanto as estatísticas e os estudos estão aí para serem analisados sem preconceitos e indicam a conveniência da descriminalização do aborto, para salvar as vidas das mulheres sem recursos que optam por praticá-lo sem condições mínimas e para reduzir a violência sofrida e praticada por crianças e jovens que nasceram em lares, se é que podemos denominá-los assim, sem condições materiais e emocionais mínimas.