Paulo Werneck
Recebi o seguinte comentário a respeito da postagem "Descriminalização do Aborto", que reproduzo abaixo:
Caro Sr. Paulo WerneckPrezada Yasmin, as autoridades não precisam de qualquer desculpa, pois sempre guardam muitas na manga do casaco: os culpados sempre são os antecessores, a oposição, a falta de verba, então, nesse quesito, parece-me que a descriminalização do aborto não teria qualquer efeito.
Respeito muito a sua pessoa, sua sabedoria e conhecimento, mas permita-me discordar sobre esta questão. Na minha opinião, legalizar o aborto não diminuirá a incidência de gravidez indesejada, ao contrário, saber que sempre poderá contar LEGALMENTE com a cirurgia poderá diminuir ainda mais os cuidados básicos com a contracepção, continuando a onerar a saúde pública. A legalização do aborto não diminui em nada os custos públicos relativos à saúde da mulher. E, por outro lado, as autoridades terão a "desculpa" para permanecerem omissos no quesito educação e distribuição massiva de produtos contraceptivos, incluindo-se aí a cirurgia do implante de DIU. A médio prazo, a mudança comportamental e cultural do povo devido à educação só trará benefícios tanto sob ótica da saúde pública como econômica.
Atenciosamente,
Yasmin
Posso afiançar que a questão do aborto já me atingiu muito de perto, e cometer um aborto, mesmo ilegal, foi seriamente cogitado. Felizmente foi descartado, um risco grande foi corrido, e felizmente ocorreu tudo bem.
Assim, minha posição sobre o tema, como penso ficou clara na postagem anterior, é contra o aborto em tese, e nesse sentido apoio as suas teses de prevenção, educação, distribuição de contraceptivos, etc.
Entretanto as estatísticas e os estudos estão aí para serem analisados sem preconceitos e indicam a conveniência da descriminalização do aborto, para salvar as vidas das mulheres sem recursos que optam por praticá-lo sem condições mínimas e para reduzir a violência sofrida e praticada por crianças e jovens que nasceram em lares, se é que podemos denominá-los assim, sem condições materiais e emocionais mínimas.