quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Oi, foi mal!

Paulo Werneck
Dia do papai, ganho um celular bodoso dos meus filhos, preocupados com a minha desconexão com o terceiro milênio. Meu ex-celular atual não chama táxi, não zapzap, não... Mas o novo celular, se é que se pode chamar assim algo tão recheado de recursos, precisa de um chip pequenino, o que me obrigou a fazer um programa de índio, qual seja, ir a uma loja da Oi.Munido do maior estoque de paciência, fui à loja da Oi no Shopping Leblon, esperando que a sofisticação do referido centro comercial, se é que um centro comercial pode ser sofisticado, tivesse passado para a referida loja e o atendimento fosse pelo menos sofrível.

Primeiro problema: foi necessário retirar uma senha, cujas opções não eram atendimento e atendimento prioritário, mas diversos tipos de atendimento, o que fez com que eu esperasse tempo suficiente para parecer que pessoas que chegaram depois tenham sido atendidas antes, por terem escolhido um atendimento diferente do meu, embora os atendentes fossem generalistas e atendessem todos os tipos de clientes, ou tal me pareceu.

Paciência. Eu estava em uma loja de telefonia, o que no Brasil que dizer serviço sofrível, seja qual for a operadora, e estou tentando ser gentil...

Algumas páginas depois - não vou para esses locais sem um bom livro - sou finalmente atendido. Dez reais pelo novo chip, que demoraria cerca de 48 horas para ser conectado à rede (isso numa época em que se transfere bilhões instantaneamente de um país para outro com os mesmos computadores que demoram dois dias para reconhecer um chip), me sendo assegurado que o chip antigo do celular antigo continuaria funcionando até a entrada do novo. Beleza.

Com base numa revista - Bazar, mais Oi, mais vantagens - a quatro cores e vinte e seis páginas, que aproveitei para folhear, descobri que a minha atual conta - Oi Conta Total Light - me dava direito a Internet em casa - Velox - internet essa que  jamais foi instalada, e já nem me lembro há quanto tempo tempo tenho a conta.

A atendente, atenciosa, aproveitou para marcar a instalação. Agora passarei a ter dois serviços de internet em casa, de modo que espero não ficar sem acesso, a chance dos dois provedores caírem ao mesmo tempo espero ser baixa.

Depois de repetir não me lembro quantas vezes quais os meus telefones de contato - afinal os sistemas da Oi não se falam e ela fica sem saber quais os telefones que ela me fornece - saí da loja com o dever comprido, prestes a entrar numa nova fase de conexão com o mundo, e ainda com uma reserva de paciência, o que me obrigou a ir comemorar comendo algo em outro estabelecimento do dito cujo shopping, um tal de Fifties, um bar especializado em hambúrgueres que estranhamente caiu na minha predileção.

Paga a conta, resolvo telefonar. Será que o novo chip já entrou, apesar de só ter se passado meia hora? Não. Era de se esperar. Pego então o outro aparelho, declarado obsoleto pelos meus filhos, e nada. Niente. Nihil. Necas de pitibiribas. Estava a nocaute. Havia parado de funcionar!

Como diriam os yankees, shit happens. Volto à loja. Vou direto ao balcão e esclareço que o telefone deixou de funcionar. O funcionário diz que eu tenho que pegar a senha. Insisto: já peguei a senha, já esperei um século, já fui atendido, mas algo se passou e não tem sentido eu entrar outra vez na fila. O funcionário faz cara de peixe morto, entendo que está resolvido, aguardo.

Uma atendente chama um número, é claro que não sou eu, me levanto, peço o gerente, ela pergunta porque, eu explico rapidamente, o senhor chamado fica desconcertado, eu esclareço que ele não está furando nenhuma fila, que seja atendido, e finalmente ela aponta para o gerente.

Falo com ele - que inclusive assessorou a funcionária que tinha me atendido antes e me explicou que me perguntarem os telefones de contato devia-se aos sistemas não se falarem - e ele ratifica que eu tenho que pegar outra senha, esperar infindável tempo, porque é necessário entrar no sistema para ver o que aconteceu. Nem um "foi mal"...

Reclamo, agora, sem nenhuma paciência, ele fica irredutível, saio da loja reclamando da Oi, e vou à porta fotografar a fachada, pura intuição ou reflexo, talvez fosse necessário para alguma coisa. Nesse momento o referido gerente sai da loja, sei lá para que, deixando de ter acessado um dos inúmeros computadores disponíveis (só dois estavam ocupados, pelo menos quatro desocupados), garantindo mais uma insatisfação.

Não sei para que tanta propaganda, se não conseguem resolver um caso tão simples. E não adianta mudar de operadora, pois são todas ruins. Também não adianta adianta culpar a Dilma, esporte nacional da direita, ela não tem nada com isso, e nem foi ela quem privatizou a telefonia no país. Talvez eu deva reclamar com o bispo...