sábado, 6 de dezembro de 2014

Diplomatas e diplomatas

Paulo Werneck

Há muito tempo pensei em comprar "Conversas com Jovens Diplomatas", do Celso Amorim, publicado pela Benvirá. O tamanho (600 páginas), combinado com a minha crônica falta de tempo, foi postergando a decisão, até que finalmente passei no caixa.

Comprei o livro porque admiro o diplomata, pela política que ele implantou no Itamaraty, pelo respeito internacional que o Itamaraty sob a liderança dele granjeou para o país.

É ótimo. Trata-se da transcrição editada de palestras que Amorim ministrou principalmente (talvez só, mas não cheguei ao fim do livro) no Instituto Rio Branco, nas quais ele aborda casos e explica as opções, as decisões, as consequências, de forma muito didática e clara. Assuntos tão diversos como o apoio ao Haiti, negociações comerciais, criação de organismos internacionais.

Recomendo para todos aqueles que têm interesse em Relações Internacionais ou Comércio Exterior, gostem ou não gostem do Amorim, concordem ou não com a política do PT nessa área.

By the way, há anos comprei um livro, "Bastidores da Diplomacia: o Bife de Zinco e Outras Histórias", do embaixador Guilherme Luiz Leite Ribeiro, que apresenta uma visão interessante do dia a dia do diplomata.


Todavia, fiquei desapontado com esse livro. Apesar de mostrar de uma maneira muito direta como funciona o Itamaraty e contar histórias deliciosas, é um livro rancoroso, e o autor trata de modo deseducado e desrespeitoso o então presidente Lula no início do primeiro mandato, usando linguajar totalmente inadequado para um diplomata.

Além disso, uma grande diferença de objetivos, valores e métodos: Celso Amorim mostra como o Brasil ajudou o Haiti, já Guilherme Ribeiro como ajudou o chefe dos tonton macoutes a escapar da ira popular...

Há diplomatas e diplomatas.