sábado, 6 de outubro de 2012

Transformações

Paulo Werneck

Géza Heller: Construção da Estação da Central do Brasil
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Hermano Taruma: Estação da Central do Brasil, hoje

Um amigo, Hermano Taruma, aproveitando-se das redes sociais, intimou-me por meio da minha companheira a visitar a exposição de Géza Heller no Parque das Ruínas.

Bendita imposição! Por razões que não cabe aqui expor, tenho andado muito afastado da vida cultural da cidade, e, não fora por essa imposição, provavelmente teria ficado em casa lidando com documentos e contas. Belo sábado...

A exposição é ótima, estética e historicamente. Heller, artista plástico e arquiteto, fugiu do antissemitismo europeu e se refugiou no Rio (que escolha maravilhosa!), onde exerceu sua profissão, projetando construções, bem como retratando faces da cidade, ora em transformação acelerada, com a abertura de novas vias e espaços, fazendo jus ao verso de Caetano, em Sampa, ao referir-se à força da grana que ergue e destrói coisas belas.

Assim podemos nos deliciar com os projetos, alguns dos quais até hoje fazem parte da nossa paisagem urbana, e lastimar a destruição de monumentos que deveriam ter permanecido, como a Igreja de São Pedro dos Clérigos, que desgraçadamente estava justo no caminho da avenida Presidente Vargas, ora preservada em delicada aquarela, vista já sendo destruída pela violência das picaretas do assim denominado progresso.

A exposição nos brinda também com fotografias do Hermano, que mostram ao visitante os mesmos ângulos retratados por Heller, onde algumas vezes se pode reconhecer algum detalhe ainda preservado, em outras apenas confiar no fotógrafo de que o lugar é o mesmo, tal a transformação havida.

O Parque das Ruínas fica em Santa Teresa, no Rio, Rua Murtinho Nobre 169, bem pertinho do Museu Chácara do Céu, ao qual é interligado por um caminho para pedestres.

De negativo, hoje foi o penúltimo dia, já que a exposição se encerra a 7 de outubro, dia de comparecermos às urnas para escolher quem cuidará, ou não, de nossos municípios.