domingo, 13 de março de 2011

Lope

Paulo Werneck
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Lope escrevendo, foto de Teresa Isasi
Fonte: saraivaconteudo.com.br

Sou um cinéfilo talvez muito medíocre enquanto cinéfilo. Amo, gosto, detesto os filmes, mas quase nunca me importo em saber quem os dirigiu ou interpretou.

Entretanto vejo a história, me alegro, enterneço, irrito, às vezes aprendo algo. Nunca como pipoca, odeio barulhos e interrupções. Para mim deveria haver só o filme, como uma realidade totalizadora, o mundo virtual tornando-se real e o mundo real, o da platéia, praticamente desaparecendo durante a exibição do filme.

Entretanto, graças à gentileza do Instituto Cervantes e do diretor Andrucha Waddington, assisti a palestra do mesmo sobre o filme Lope, na ocasião ainda não lançado no Brasil, com exibição do making-off.

Palestra emocionante, o diretor explicando algo do processo e tirando, com a maior paciência, as dúvidas da platéia. Relatou as dificuldades de locação (locais onde encenar), o que os obrigou a ir até o Marrocos, fornecedor também, a preços mais em conta, dos adereços de época - pratos, jarras, etc.

Outro ponto interessante é que a trilha sonora foi gravada ao vivo por uma orquestra: com o filme já montado, a orquestra tocou a trilha sonora inteira já sincronizada com o filme. Ou pelo menos foi isso que entendi da palestra do Waddington.

Infelizmente perdi a estréia, mas na primeira ocasião que tive assisti ao filme, que em nada deixou a desejar. Muitíssimo bom. Chega a ser engraçada a avaliação média - 6,3 - dos "críticos" do sítio "The Internet Movie Database". Parece que essa opinião não foi compatilhada pelo povo espanhol, que deu ao filme a terceira maior bilheteria de 2010...

O filme retrata um trecho da vida do poeta Lope de Vega (1562-1635) no início de sua vida adulta, desde o retorno da batalha da Ilha Terceira (havia se alistado na marinha) até seu desterro em 1588, mostrando desde cenas amorosas até de capa e espada. Lope era realmente uma figura, digamos, difícil para os padrões da época e ainda o seria hoje...

Depois, após pequena pesquisa, fiquei sabendo que Andrucha já havia dirigido o sutil e primoroso "Eu, Tu, Eles", um dos melhores filmes que já assisti.