domingo, 29 de setembro de 2024

FEBECONAPA - Serviço Quase Secreto

Paulo Werneck


O desgovernador anunciando a aquisição das viaturas
Fonte: BlueSky

Quero agradecer ao desgovernador do Rio de Janeiro por sua magnífica colaboração para o Festival de Besteiras que Continuam Assolando o País (FEBECONAPA), um humilde sucessor da obra do imortal Stanislau Ponte Preta, vulgo Sérgio Porto (ou seria o inverso?).

Eis que o referido político, aliado do inelegível, publicou nas redes sociais a aquisição, com o meu, o seu, o nosso dinheiro, de 38 veículos iguaizinhos, no modelo e na cor, destinados ao serviço secreto do órgãos de segurança.

Se o amigo leitor for contraventor, bandido, ou mesmo terrorista, ao avistar um veículo "descaracterizado" desses perto de si, facilite o trabalho da polícia: procure o condutor, peça que mostre a carteirinha de secreta e conte tudo o que sabe. Seja um bom cidadão.

Deixo uma sugestão: um uniforme para os secretas! Seria a cereja do bolo! Ou talvez um simples pin para a lapela, onerando menos os cofres públicos...

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

O Caminhãozinho Vermelho

Paulo Werneck

Este caso ocorreu há mais de 60 anos no consultório do famoso médico foniatra, dr. Pedro Bloch, também jornalista, compositor, poeta, dramaturgo, o que não vem ao caso. O que nos interessa é o que se passou em uma consulta específica.

A mãe, após levar o filho, que não falava, a diversos pediatras, os quais não encontraram nenhuma razão fisiológica para tal, acabou apelando para o acima citado doutor, ao que parece na época considerado uma sumidade.

Segundo o relato da mãe, ela entrou no consultório, acompanhada do petiz, deu os bons dias, dirigiu-se para uma das cadeiras dispostas à frente da escrivaninha do clínico e chamou o garoto para sentar-se na cadeira vizinha. Era uma época em que as mães gostavam de ter seus filhos comportados, olhando com os olhos, sem fazer estrepolias.

O terapeuta, entretanto, todavia, contudo, disse que deixasse o menino à vontade, abriu uma grande gaveta lateral da escrivaninha, lotada de brinquedos, e pediu à mãe que espusesse o problema.

Entretanto o guri, atraído pelos interessantes objetos que se amontoavam na gaveta, ficou lá parado, sem mexer em nada, claro, mas também sem se afastar daquele tesouro.

Médico e mãe conversando, de repente o médico pargunta ao paciente:

- Qual você quer?

Imediatamente o pirralho responde:

- O caminhãozinho vermelho.

A mãe, assombrada. O médico, impávido:

- Sua mãe trouxe você dizendo que você não fala. Porque você fica calado em casa?

Resposta, na lata:

- Porque não tenho nada para dizer.

O doutor Pedro Bloch publicou vários livros, como “Criança diz cada uma”, mas não sei se registrou este caso para a posteridade. Se não o fez, faço-o agora.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

FEBECONAPA - Os Super Heróis

Paulo Werneck


"Patriotas" na Zona Sul da Cidade Maravilhosa
Fonte: colaborador deste blog.

Continuando o trabalho de Stanislaw, e com a inestimável colaboração de leitor do blog, que amavelmente enviou a fotografia que o ilustra, mais uma para o Festival de Besteiras que Continuam Assolando o País (FEBECONAPA).

Estava previsto uma anotação sobre o nosso querido VLT, o famoso Veículo Leve (?!?) sobre Trilhos, mas esse comentário terá que esperar. Um valor mais alto se alevantou...

O movimento político já nos brindou com comunicação com extraterrestres, oração a pneu, a incrível carona na frente do caminhão, mas o blog estava hibernando e essas pérolas não foram incorporadas ao FEBECONAPA, apesar de terem feito por merecer.

Mas o povo não deixa a peteca cair, a criatividade não se deixa amordaçar, e temos esses dois cidadãos de bem defendendo Deus, Pátria, Família e Liberdade.

Quanto a Deus, neste país podemos praticar qualquer religião, há igrejas, templos, mesquitas, sinagogas, terreiros, mosteiros budistas, a escolha é livre.

Quanto a família, ela vai bem obrigado, com muitas configurações, o problema é conseguir sustento e moradia, mas isso é detalhe.

Quanto a liberdade, é plena. Podemos até nos vestir de palhaço e circular pela cidade sem sermos incomodados.

A dúvida fica na pátria. A que pátria se referem?

Será que esses dois cidadãos de bem são estrangeiros? Pois o Capitão América é ianque... Deveriam talvez escrever God, Homeland, Family, Liberty, mas talvez sejam tão gentis que preferiram traduzir a mensagem, para facilitar nossa compreensão.

Ou será que são brasileiros confusos que pensam que aqui é colônia dos EUA?

sábado, 24 de agosto de 2024

Este trem não mais fará serviço de passageiros

Paulo Werneck

Vagões "Le Brugeoise" centenários do Metrô de Buenos Aires
Fonte: Wikipedia

Faz tempo que não escrevo neste blog. A última postagem tinha relação com o Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPA), do saudoso Stanislaw Ponte Preta.

Reativo o blog com outra postagem sobre o mesmo tema, pois o que não falta é besteira em nosso país.

Quem frequenta o metrô carioca, talvez o mais curto do mundo, pode ter reparado que uma linha tem como ponto final (ou inicial) a estação Botafogo. Outra linha passa por Botafogo e segue em direção a Copacabana, Ipanema, Leblon e eventualmente chega à Barra da Tiuca.

Mas, como afirmei, o ponto final dessa linha é Botafogo e, portanto, todos os passageiros devem desembarcar.

O que é dito aos passageiros?

Esse trem não mais fará serviço de passageiros.
Desembarque obrigatório.

Se o trem não mais fará serviço de passageiros, o que acontecerá com ele? Fará serviço de cargas?

Não é o caso. No Rio de Janeiro, muito antigamente, havia bondes, que o Carlos Lacerda, em vez de resolver o problema dos carros invadirem os trilhos e tumultuarem o serviço, preferiu acabar com o serviço e importar ônibus elétricos usados que acabaram sendo também retirados de circulação.

Estou tergiversando. Falei dos bondes porque entre os vagões de passageiros também havia vagões de carga. Nunca os vi, mas existiram.


Bonde de bagagem, "caradura" ou "taioba"
Fonte: riomemorias.com.br

No metrô carioca não há trens de carga.

Então, se os tais trens não mais farão serviço de pasageiros, nem serviço de cargas, podemos concluir que serão tirados de circulação, desmontados, transformados em sucata...

É incrível que no subsolo, ali pertinho da estação, exista um centro de desmanche de trens e também, claro, uma fábrica de trens usados, pois logo que um trem termina sua última viagem, é produzido um outro, para seguir na direção contrária...

Não seria mais econômico, em vez de terem esse trabalho todo, simplesmente dizer:

Ponto Final.
Desembarque obrigatório.

Então o trem poderia simplesmente inverter a direção, e continuar sua vida útil, fazendo serviço de passageiros...

Ah, e como os trens são desmontados, daqui a décadas não haverá nenhum para ser restaurado, como fez o metropolitano de mi Buenos Aires querida.

sábado, 26 de novembro de 2016

FEBECONAPA - Luvas

Paulo Werneck

Breakfast at Tiffany's with Audrey Hepburn

Há muito tempo deixou de ser dada publicidade ao Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPA), por não mais estar entre nós o saudoso Stanislaw Ponte Preta.

Todavia, o fato do escrivão ter passado desta para melhor não impediu que as besteiras continuassem sendo produzidas aos borbotões, faltando apenas um escriba para lhes dar a devida publicidade.

Sei que não estou à altura da ponderosa missão, mas à falta de quem a assuma, procurei fazer os meus melhores esforços para ocupar esse vazio, publicando, de vez em quando, algumas besteiras das que mereçam ser registradas no Festival de Besteiras que Continuam Assolando o País (FEBECONAPA),

Para abrir tão importante festival, uma pseudo conquista da higiene: as luvas.

Como qualquer mortal pode verificar, padeiros, cozinheiros e até mesmo vendedores de comida estão usando luvas, por determinação parece-me da Vigilância (?) Sanitária e de fregueses preocupados com a própria saúde, que procuram evitar contaminação.

Certamente nem uns nem outros seguiram o exemplo de minha sábia progenitora, que considerava um pouquinho de sujeira como necessário ao desenvolvimento de anticorpos, ao ponto de a batizar com o sonoro apelido de Vitamina S,

Voltemos às luvas: para que servem elas? A quem elas protegem?

Certamente aos que as utilizam. A enfermeira, ao vestir a luva, não está protegendo a saúde do paciente, mas a dela própria, para não ser contaminada por nenhuma secreção contagiosa do paciente.

Um lixeiro, ao utilizar as luvas, está se protegendo, de forma semelhante, de ser contaminado por algum resíduo que possa estar no lixo que recolhe, além, é claro, de evitar sujar excessivamente suas mãos.

E o padeiro? Estaria se protegendo de alguma substância contaminante do pão fresquinho e cheiroso que acabou de fazer, e que os clientes irão ingerir? Certamente que não. Estaria ele protegendo os cliente da sua própria contaminação? Também não, afinal ele deverá lavar regularmente as mãos com água e sabão, como determinam as normas de higiente para profissionais do fogão.

Não protege ninguém de nada. Com aquela luva ele toca em tudo que está na padaria, levando eventuais agentes infecciosos (que não devem existir, estando a cozinha devidamente limpa) de um lado para outro,enquanto as mãos do trabalhador ficam desconfortavelmente quentes e húmidas, o ambiente mais propício para a proliferação de bactérias...

Diga, Stanislaw, essa besteira foi suficientemente idiota para inaugurar o novo festival?